segunda-feira, dezembro 15, 2008

Quase, quase... 30 anos


Quando mais nova achava que ao chegar aos 30 estaria no auge de minha existência e que a maioria de meus sonhos e projetos com toda certeza já estariam realizados. Eu teria uns dois filhos, minha casinha com quintal grande, um cão correndo por lá, uns gatos preguiçosos deitados no sofá, um marido que me compreende e me respeita... Esse tipo de coisa. Coisas que na mente de uma criança ou até de uma garota adolescente, são total e facilmente possíveis.Conforme os anos foram passando, percebi que a vida na prática não combina com metas ilusórias que traçamos ingenuamente... E como fui feliz com meus devaneios infantis: “um dia serei isso, um dia terei aquilo”. Ainda lembro da confiança de ter todo tempo do mundo para fazer qualquer coisa que eu imaginasse, algo que beirava a sensação de imortalidade.Mas finalmente completar 30 anos não é algo que almejo apenas para colocar por terra toda aquela teoria da infância sonhadora, a farsa do ápice de meus dias. Finalmente completar 30 anos significará que de uma vez por todas eu deixarei de ser uma pessoa de quase 30! !! O mais interessante é que não lembro de com cinco anos me dizerem que eu tinha quase dez, nem de quando com 15 anos falarem que eu tinha quase 20.
Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.
Por quê afinal o mundo é tão inquisidor com as pessoas de quase 30 anos? Porque na verdade, minhas ilusões do ápice da vida nesta idade não eram prospecções exclusivas, é algo que existe ou existiu em cada um de nós. Um panejamento mental de que um dia teremos (ou teríamos) e seremos (ou seríamos) tudo aquilo que sonhamos. Um tapa na cara que nos dê a percepção de que não teremos todo tempo do mundo o tempo todo.Portanto a cobrança é justificada, mas nem por isso menos injusta. Ter quase trinta significa que já vivemos o bastante para ter juízo, mas nem tanto, que já sabemos quem somos, mas nem tanto, e que enfim, já demos pelo menos uns bons passos em busca daquelas coisas todas que sonhamos em conquistar um dia.A realidade que bate à porta nos mostra que todas essas convenções fazem parte da vida, sim. Mas levá-las tão a sério não vai fazer com que ninguém seja mais feliz.Um dia, quando tiver 35, e, portanto quase 40 anos, volto aqui para contar que ainda não tenho, não sou e nem fiz tudo aquilo que achava que deveria em tal idade.E querem saber de uma coisa? Nenhum de nós precisa levar uma vida louca e irresponsável, mas também não há motivos para sermos uma linha do tempo ambulante, cheios de metas e datas preenchidas na vida que ainda nem vivemos. O tempo passa para todos, todos envelhecemos, no entanto, o que pesa na balança no final das contas é tudo o fazemos enquanto achamos que a vida pode ou deve ser mais do que a que temos.




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